sábado, 17 de agosto de 2013

NÃO VAMOS PRA CAMA SEM ELE HÁ 25 ANOS

Roberto Carlos foi enrevistado por Jô no SBT
apenas uma vez
Nesta semana, um importante entrevistador comemorou seu jubileu de prata. Jô Soares completou, na última sexta, 25 anos a frente de um talk show. Não era sua primeira experiência com entrevistas na TV. Poliglota, Jô era sempre convocado para ser o interprete das entrevistas internacionais do programa "Hebe", ainda na TV Record, nos anos 1960. Já na emissora de Roberto Marinho, tentou realizar seu sonho do programa de entrevistas através do "Globo Gente", de 1973. Mas não durou nem um ano.

Em 1987, o humorista que comandava com sucesso o programa "Viva o Gordo", queria ter seu talk show, porém a direção do Jardim Botânico não lhe abria espaço para esta atração. Nesta época, o SBT estava em franco crescimento em audiência, e buscava qualificar sua programação, tida pelas agências como "popularesca". Silvio fez a proposta: além de um programa de humor, Jô realizaria seu grande sonho na TVS. O "gordo" não teve dúvidas, se mudou rapidamente para o canal 4 paulistano e, em 16 de agosto de 1988 estreava "Jô Soares Onze e Meia".

A princípio, o apresentador imaginava a atração semanal. Silvio Santos não. O dono da emissora disse que para o programa "pegar" teria que ser diário. E assim se fez. O formato era baseado nos grandes talk show dos Estados Unidos, como o "The Tonight Show". "Jô Soares Onze e Meia" nasceu num momento em que a inteligência de Jô Soares, aliada ao seu bom humor, foram fundamentais tanto para atrair a audiência qualificada que o SBT precisava, quanto para esclarecer o povo sobre os novos rumos que o Brasil estava tomando.

Entrevistas Marcantes

Babi foi escolhida para ocupar o horário do
"Onze e Meia" a partir de 2000
Muitas importantes entrevistas foram realizadas, como com o presidenciável Fernando Collor de Mello (que irritou Jô por só responder as perguntas olhando para a câmera, como num programa político), e também com muitos parlamentares de Brasília, quando estourou o escândalo do esquema PC Farias, e a queda de Collor. Uma das primeiras entrevistas de Xuxa fora da Globo foi com Jô. A última de Raul Seixas também aconteceu lá.

Mas o talk show não ficou só no Brasil. Jô e sua equipe foram até os Estados Unidos em 1994, e de lá comandaram o "Jô na Copa", a única experiência deste tipo na carreira do entrevistador. Aliás, a equipe do programa era um show à parte. O "Quinteto Onze e Meia" era o grande apoio da face humorística das entrevistas. Destaque para o saxofonista Derico (o assessor para assuntos aleatórios) e o baixista Bira, com sua risada inconfundível.

Foram ao todo 6927 entrevistas, que foram de Ayrton Senna e Pelé a Tiririca e a gata da Banheira do Gugu, Luíza Ambiel, além de muitas figuras anônimas , mas curiosas. Após 2309 edições, em 31 de dezembro de 1999, Jô Soares encerra seu ciclo no SBT e retorna para a Globo, com seu talk show mais que consagrado pelo público, com o nome de "Programa do Jô", onde permanece até hoje. Para comemorar a data, a Globo Marcas, numa parceria inédita com a emissora de Silvio Santos, anunciou que neste ano vai lançar um DVD com as melhores entrevistas realizadas pelo apresentador nestes 25 anos. É aguardar.

Curiosidades:

  • Apesar do nome, o programa nunca começou pontualmente às 23:30h, devido às constantes mudanças de horário da programação, a não ser na edição de aniversário de 10 anos, em 1998;
  • O antigo "Quinteto", hoje "Sexteto", era formado basicamente por músicos da orquestra do SBT. Bira, por exemplo, trabalhava com Silvio Santos há mais de 20 anos;
  • "Jô Soares Onze e Meia" iniciou sendo gravado nos estúdios da Vila Guilherme. No começo da década de 1990 foi transferido para os estúdios do Sumaré, e em 1996 passou ser produzido no estúdio 2 do Complexo Anhanguera;
  • Assim como Marília Gabriela, a única celebridade que Jô não conseguiu entrevistar foi Silvio Santos. O dono do SBT sempre foi avesso a entrevistas. Mas o primeiro convidado do "Programa do Jô" na nova casa foi o jornalista Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo;
  • O garçom chileno Alex começou no programa em 1991. Em entrevista ao site "Vírgula", ele revela o que Jô Soares bebe na famosa caneca, uma marca registrada do programa. "Semana passada ele tomou um pouco de água, mas ele já tomou até uma sopinha naquela caneca, mas, geralmente, ele toma refrigerante diet", contou Alex;
  • O programa recebeu nove estatuetas do "Troféu Imprensa" como Melhor Programa de Entrevistas da TV (de 1989 a 1996 e no ano 2000).
Não dá pra selecionar uma entrevista dentre as milhares realizadas. Mas a abertura e um trechinho de uma entrevista com o palhaço Torresmo, em 1988, é sempre possível. Agradecimentos: fitasjoia, ajcomenta e rodadosfamosos.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

CRÍTICA - O "SHOW DA VIDA" DEVE RECOMEÇAR AOS 40

Isadora Ribeiro na famosa abertura do "Fantástico" de 1987
No último dia 5 de agosto o "Fantástico" completou quatro décadas no ar, pela Rede Globo de Televisão. Quando nasceu, em 1973, era uma novidade, um formato novo, nunca antes visto em nossas telinhas. A ideia surgiu quando nem se cogitava em tratá-lo como "revista eletrônica".

O programa surgiu a partir do casamento das centrais Globo de produção e jornalismo. Era a primeira vez que uma atração reunia reportagens com humor e números musicais. O "Show da Vida" estreou às 20h, logo após o "Programa Silvio Santos", substituindo o lacrimoso "Só o Amor Constroi". Muitos atores importantes da emissora apresentaram a revista, assim como os locutores noticiaristas e jornalistas ficavam com as reportagens e as informações do fim de semana.

A fórmula parecia ideal para um programa de TV: reunir tudo o que o povo gosta numa embalagem moderna e sofisticada. "Fantástico" inovou em uma série de coisas: introduziu o video-clipe, além dos shows exclusivos, gravados no teatro Fênix, padronizou a grande reportagem para TV, serviu de laboratório para muitos programas e humoristas, além de trazer para o Brasil muitas produções internacionais de sucesso, como algumas séries dos canais "National Geographic" e "Discovery Channel".

Durante muitos anos o dominical não teve concorrência com outros programas semelhantes. Na maior parte das vezes, seus concorrentes eram programas de auditório, como Flávio Cavalcanti e Silvio Santos, e debates esportivos. Somente depois de dez anos de vida, surgiu uma atração que se assemelhava a ele. O "Programa de Domingo" estreou na Rede Manchete em 1983, e ficou no ar até 1998, quase apagando as luzes junto com a emissora, que fechou no ano seguinte.

Seu atual concorrente foi lançado quando o "Fantástico" atingia os 21 anos. O "Domingo Espetacular" (2004) da Record nasceu para antecipar o que seria notícia à noite na Globo. A emissora da Barra Funda por muito tempo preferiu evitar o confronto direto, mas em 2010 foi à luta, e passou a incomodar a líder. Com reportagens mais longas, investindo em temas de apelo popular como celebridades e matérias policiais, a emissora de Edir Macedo consegue, a cada domingo, chamar a atenção do público, antes toda voltada para o "Show da Vida".

Há um ditado que diz que a vida começa aos 40. Pois é, o "Fantástico" precisa se renovar. Isso não é uma tarefa das mais difíceis, já que também é uma característica do programa. A urgência do momento se deve pela concorrência. Diferente do "Programa de Domingo", voltado para as classes A e B, a revista eletrônica do canal 7 paulistano conseguiu encontrar um público cativo, que garante médias acima dos dois dígitos no IBOPE. O "Domingo Espetacular" se tornou uma opção de jornalismo ao "Show da Vida". É bom deixar claro que sua liderança continua inalterada. Embora tenha sofrido com a "Casa dos Artistas"(SBT) em 2001, as quedas foram muito pontuais. Mas os índices continuam caindo ano após ano.

Neste aniversário de 40 anos, é claro que há mais para celebrar do que para lamentar. O dominical estabeleceu um padrão para as revistas eletrônicas na TV. Com ou sem bancada, com ou sem jornalistas, com ou sem música, com ou sem humor, "da idade da pedra ao homem de plástico", a atração virou uma tradição da família brasileira no final de semana. Um hábito "Fantástico".

Veja abaixo um clipe com os principais momentos do programa. Agradecimentos: LRFMaester e Extra.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

ESPECIAL RECORD 60 - "LUGAR DE CRIANÇA É NA RECORD"

Waldemar Seyssel (1905-2005), o Arrelia formou-se em Direito
Se hoje a programação infantil da Record limita-se a exibição da série "Todo Mundo Odeia o Cris" e o desenho "Pica Pau", a grande aniversariante da TV brasileira deste ano já teve muitos clássicos programas que animaram a garotada!

Um dos primeiros foi o "Cirquinho do Arrelia" (1955-1966), um dos maiores sucessos, e mais lembrados, do canal 7. Mas o moderno também tinha espaço, e um super-heroi brasileiro foi criado na emissora. O "Capitão 7"(1954-1966), com Ayres Campos e Idalina de Oliveira, viveu diversas aventuras, combatendo o mal ao vivo, contando com a torcida de seus fieis telespectadores mirins.

A molecada também contou com programas de auditório inesquecíveis, como "Pullman Jr.", com Cidinha Campos e Durval de Souza (1953-1969) e "Grande Gincana Kibon" com Vicente Leporace e Clarisse Amaral (1955-1971), uma espécie de avô do "Ídolos Kids". Com a chegada de Silvio Santos à Record, em 1977, os pequenos também contavam com alguns programas do homem do Baú dedicados a eles, como "Domingo no Parque".

Mas esta não foi a única influência do futuro dono do SBT na programação infantil. Poucos se lembram, mas o Bozo estreou em telinhas brasucas na Record, em 1980. Pegando embalo na onda de Xuxa na Globo, a emissora lançou o "Pintando o 7"(1988) com Andréa Veiga, a primeira paquita. Gugu Liberato também foi o responsável por uma atração para crianças. "Casa Mágica" com Alan Frank (do grupo Polegar) e Silvinha (ex-assistente de palco do "Viva a Noite"), realizada com auxílio do apresentador, estreou na década de 1990 no canal 7.

Parques, Mundos e Vilas das crianças

Eliana apresentou infantis na Record por 7 anos
Quando Edir Macedo comprou a empresa, muitos foram os investimentos realizado neste setor da programação. Por lá passaram Gerson de Abreu, o "Agente G"(1995-2000), Mariane e a "Tarde Criança" (1995-1996), Mara Maravilha com "Mara Maravilha Show"(1995) e "Mundo Maravilha"(1997), e a Vovó Mafalda vivida por Valentino Guzzo com os "Desenhos da Vovó"(1997).

Mas quem deixou uma grande marca na emissora foi a apresentadora Eliana. Contratada em 1998 para apresentar o "Eliana e Alegria", a "miss dedinhos" seguiu levando educação e diversão para a garotada, mas inovou ao conduzir o programa diariamente ao vivo, realizando inumeras brincadeiras fora do estúdio, e com apenas um desenho animado: "Pokemón". A loirinha também apresentou "Eliana no Parque"(1999), "Eliana na Fábrica Maluca"(2001) e o infanto-juvenil "Eliana"(2004), antes de migrar para o público adulto.

A emissora também apostou em propostas educativas como o "Vila Esperança" (1998) ou de puro entretenimento como o "Programa da Hora" (1999), com a cantora mirim Thaís Pina, lembra dela? A sessão "Record Kids", que exibe atualmente o único desenho da casa, já foi chamada de "Domingo Alegria". Mas a tendência de mercado, que deixa os programas infantis para a TV paga, reduziu a quase zero a produção de atrações deste gênero, não só na Barra Funda como em quase todas as emissoras. Porém fica a saudade e o carinho por estes profissionais e seus inesquecíveis programas.

Curiosidades:
  • O slogan que serve de título para este especial foi usado pela primeira vez em 1995, quando a programação infantil estava em alta no canal;
  • Atual coringa da emissora, o "Pica Pau" é exibido desde 2006. Mas não é a primeira vez que o pássaro criado por Walter Lantz passa pelo canal 7. O primeiro pouso na Record aconteceu na década de 1960, ainda em preto e branco.  

Vamos conferir três atrações infantis da Record: uma homenagem ao Arrelia, um trecho do "Agente G" e a estreia de "Eliana & Alegria". Agradecimentos: primeboxbrazil.tv.br, musicasinfantis80.xpg.com.br, Rubens Faria Gonçalves, z80s e Blog Eliana & Diego.








segunda-feira, 22 de julho de 2013

A MANIA DA EXCELSIOR FAZ 50 ANOS

Anúncio de uma das primeiras novelas a
utilizar o vídeo tape (VT)
Parece que foi ontem, mas a telenovela diária brasileira completa hoje 50 anos. Uma verdadeira mania nacional, a primeira trama a realizar tamanha ousadia para a época foi "2-5499 Ocupado", exibida pela TV Excelsior a partir de 22 de julho de 1963, às 19:30h.

Um engano telefônico foi o pontapé inicial de uma história simples, porém envolvente. Uma presidiária, Emily (Glória Menezes), vai trabalhar como telefonista na cadeia onde cumpre pena, graças a seu bom comportamento. Na primeira ligação, ela conhece Larry (Tarcísio Meira), um importante advogado, ao discar um número de telefone errado. Mas as vozes encantam mutuamente e aí começa a trama amorosa.

Entre outras estrelas, participaram dessa aventura do antigo canal 9 paulistano os atores Gilberto Salvio, Lolita Rodrigues, Neuza Amaral, Maria Aparecida Alves e Lídia Costa.

Essa novela tem vários marcos para a história da teledramaturgia. Até 1963 era comum as novelas serem apresentadas duas ou três vezes por semana. Mas a Excelsior percebeu que para essa produção ganhar o gosto do público era preciso fidelizar o telespectador, apresentando capítulos diários. Esta decisão foi tomada dias depois da estreia.

O par romantico favorito dos brasileiros

Depois desta novela, o casal seria escalado em várias
novelas da Rede Globo
Embora tivessem gravadas cenas em cadeias reais, muitas imagens "externas" foram realizadas em estúdio, com direito a vento, chuva e tudo!!! A trama também consagrou Tarcísio e Glória como o grande casal das novelas brasileiras. Como a maioria das novelas daquela época, "2-5499 Ocupado" foi  realizada em parceria com a "Grande Novela Colgate".

Hoje, cinco décadas depois, a telenovela passou por várias transformações, e ganhou diversos formatos. Porém o passar do tempo não diminuiu o interesse e a repercussão que essas histórias tem em nossa sociedade. Boas ou ruins, polêmicas ou singelas, curtas ou compridas, a verdade é que o gênero não passa despercebido pelo público, sendo o único a fazer a diferença na audiência de uma emissora.

Ah, e claro que a presidiária e o advogado, após enfrentarem muitos conflitos, ficaram juntos no final!!!

Curiosidades:

  • "2-5499 Ocupado" foi apresentada em todo o Brasil, e causou um tremendo problema para um gaúcho. O número de seu telefone era o mesmo que era título da novela. Várias pessoas ligavam para este número para saber se existia de verdade! O dono desta linha teve que mudar de telefone.
  • O texto original era do argentino Alberto Migré, e foi adaptado por Dulce Santucci. A TV Record, através da produtora JPO, realizou o remake desta trama. "Louca Paixão", com Maurício Mattar e Karina Barum foi ao ar em 1999.
Vamos rever o remake de "2-5499 Ocupado", já que não existem na internet imagens da primeira versão. Você assiste a abertura de "Louca Paixão" e a cena da ligação errada. Agradecimentos: Blog do Curioso, M de Mulher, rederaiuga e Célia Ferreira.




quarta-feira, 17 de julho de 2013

CRÍTICA: O REAL VALOR DE CHIQUITITAS

A autora Íris Abravanel: "Quero gerar empregos"
No último dia 15 de julho, mês de férias escolares, estreou a segunda adaptação infantil de Íris Abravanel no SBT. "Chiquititas", sucesso no final da década de 1990, conseguiu superar a média do mesmo período de sua antecessora "Carrossel", também adaptada pela esposa de Silvio Santos e que ainda está no ar. Manter as duas novelas no ar por algum tempo é uma estratégia para que os órfãos das aventuras da turma da professora Helena se acostumem com as travessuras dos órfãos do "Raio de Luz". Ponto para o SBT.

Porém o grande valor de "Chiquititas" não está somente na audiência e nos lucros com os futuros CDs, DVDs e uma infinidade de produtos licenciados. A importância desta produção está na manutenção de um público que não tinha mais o que assistir na TV, desde a estreia da nova versão da mexicana "Carrusel".

Os investimentos aumentaram. É visível aos olhos dos telespectadores o capricho que a equipe da emissora teve com cenários, figurinos, iluminação e seleção de atores, especialmente o elenco infanto-juvenil. E isso também é mérito do consagrado diretor Reynaldo Boury, experiente no ramo e responsável por diversos sucessos em sua extensa lista de novelas.

Se "Chiquititas" der tão certo quanto "Carrossel", será mais um mercado de trabalho aberto para um número grande de profissionais paulistas que poderiam estar desempregados. São roteiristas, iluminadores, técnicos, câmeras, assistentes de estúdio, figurinistas, continuístas, maquiadores, cenógrafos e muito mais, trabalhando, movendo a economia.

Num mercado que já é fechado e concorrido, com a Globo no Rio, a Record reduzindo custos e Band desistindo de dramaturgia, é uma grande alegria para os profissionais da área ouvir a autora Íris Abravanel declarar, em entrevista concedida a Marília Gabriela, que seu principal objetivo é gerar empregos.

Como profissional de comunicação, minha torcida para que a novelinha seja um sucesso vai além da disputa pela vice-liderança no IBOPE. Só será possível medir o quanto o público realmente gostou da trama após o fim do folhetim da "Escola Mundial", embora a emissora tenha feito a lição de casa quanto à estratégia de divulgação, exibição, além do cuidado com o produto. Torço, acima de tudo, para que o SBT consiga firmar novamente na capital paulista, uma central de produção de novelas, coisa que deixou de existir com o fechamento da TV Tupi em 1980.

Confira a nova abertura de "Chiquititas". Agradecimentos: Quem Acontece e SBTonline.



quarta-feira, 3 de julho de 2013

EXCLUSIVO - TOP10 - VALE A PENA VER DE NOVO... AS MEXICANAS

Thalía, em "Maria do Bairro"
Fã do SBT que se preze, curte um bom dramalhão mexicano. A emissora importou da maior produtora de novelas em língua espanhola, a Televisa do México, inesquecíveis novelas. Essas tramas conquistaram o público de uma maneira tão arrebatadora, que algumas delas voltaram para a TV de Silvio Santos algumas vezes.

Pensando nisso, o Loucura preparou um Top10 das novelas latinas mais exibidas por aqui. Apenas para esclarecer, o critério de desempate para a escolha de alguns folhetins foi a data da última reapresentação. Prepare a caixa de lenços e divirta-se!!!


domingo, 30 de junho de 2013

ALÔ TEREZINHAAAA!!! ERA UM BARATO VER O CHACRINHA

O Velho Guerreiro comandou seus programas por quase
30 anos
Como o tempo passa... Parece que foi ontem, mas já fazem 25 anos que Chacrinha partiu para o andar de cima. Ninguém mais ouve chamar pela Terezinha sem sentir uma saudade, que vem acompanhada de uma alegria, de um sorriso.

José Abelardo Barbosa de Medeiros nasceu em Surubim-PE, em 30 de setembro de 1917. Ali, no calor nordestino se formou um dos maiores comunicadores que a nossa TV já teve. O jovem Abelardo soube captar como ninguém a essência do povo brasileiro. Seus programas tinham tudo o que o brasileiro gosta: festa, música, dança, mulheres, barulho, gozação, riso, confusão...

Aliás, o faro para saber se uma música, um conjunto ou um cantor faria ou não sucesso, vem da sua própria raiz musical. Chacrinha foi baterista de um banda na juventude, antes de estudar medicina. Mas para entrar no curso, Abelardo adotou um estranho método de estudo, porém lógico: ao se preparar para o vestibular, o jovem se trancava no quarto de cueca, e entregava todas as roupas para a mãe. Assim não poderia pensar em sair de casa, teria que meter a cara nos livros! Depois que ingressou na faculdade, viu que não conseguiria operar nenhuma pessoa, por não suportar ver sangue, e seguiu como músico.

Seu primeiro contato com o rádio aconteceu em 1937, na Rádio Clube de Pernambuco. Mas não seria o único. Após deixar a medicina, queria viajar com o Bando Acadêmico para a Europa, porém nesta época estourou a Segunda Grande Guerra, e a turma voltou para o Brasil, sem nem pisar no velho continente. Abelardo veio para o Rio de Janeiro, capital federal de então, e se fascinou o mundo maravilhoso do rádio. Logo conseguiu emprego como locutor.

O Rancho, a Buzina e a Discoteca

A primeira fantasia foi a de "disk-jóquei", com o disco de
telefone e o boné de um jóquei
Seu primeiro programa foi o carnavalesco "Rei Momo na Chacrinha". Abelardo passou a ser conhecido então como "o louco da chacrinha", que na verdade era uma pequena chácara onde ficava o estúdio da rádio. Com o passar do tempo, o apelido virou nome artístico. Nos anos 1950 criou o "Cassino do Chacrinha", onde construía através de vários sons diferentes um cassino real nas casas dos ouvintes. Várias vezes vinham pessoas visitar o local onde era o tal cassino e encontrava Abelardo de cueca, o operador de áudio e várias bugingangas usadas para os efeitos sonoros.

A TV veio na vida de Chacrinha em 1956. "Rancho Alegre" foi o primeiro programa comandado na TV Tupi. E nunca mais parou. Seus dois programas de maior sucesso, a "Buzina do Chacrinha" e a "Discoteca do Chacrinha" passaram pelas TVs Rio, Record, Excelsior, Bandeirantes e Globo. Como no começo não existia rede, o animador apresentava dois programas no Rio e dois em São Paulo, tudo ao vivo. Isso sem contar os shows que realizava ao lado de suas inseparáveis e inesquecíveis Chacretes. As dançarinas viraram referência na telinha, por sua beleza e sensualidade.

Chacrinha era um sujeito de personalidade forte. Sua história com a TV Globo mostra bem isso. Quando o diretor José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, chegou em 1967, ele já estava lá e era responsável pelos maiores índices da emissora. O canal estava no vermelho e ele, Dercy Gonçalves, Silvio Santos e Jacinto Figueira Jr. (O Homem do Sapato Branco) garantiam o IBOPE. Os dois bateram de frente muitas vezes. Em uma ocasião, ao fazer um concurso de cachorros com maior número de pulgas deixou a sede da Globo repleta desses parasitas, e a vizinhança também. Nem Roberto Marinho entrava lá.

Descobridor de talentos 

Roberto Carlos foi lançado no Rio e em São Paulo no quadro
"Cantor Mascarado"
O apresentador sempre estourava o horário de sua atração. Numa noite, Boni Já farto com a situação e já tendo conversado com o animador, mandou pessoalmente tirar o programa do ar, estourado em cinco minutos. Foi a gota d'água. Chacrinha saiu da Globo, não apenas por isso. A emissora já estava começando a implementar o famoso "Padrão Globo de Qualidade" e, naquela época, as atrações do programa eram de baixa qualidade, popularescas. Mas Boni nunca deixou de admirar o "Velho Guerreiro".

A volta para a emissora do Jardim Botânico aconteceu por intermédio de Florinda Barbosa, esposa de Chacrinha. Ela promoveu um encontro entre o diretor da Globo e o animador, e selaram o momento com a criação do "Cassino do Chacrinha", nos sábados globais. Foram mais seis anos de insuperável sucesso e audiência, que até hoje nenhum outro programa, seja da Globo ou não, jamais atingiu. Como ele mesmo definia, "uma bagunça organizada".

A lista de nomes de cantores que passaram por aquele palco, ou que começaram lá, é muito grande. De Gretchen a Roberto Carlos, de Chiclete com Banana aos Titãs, de Fábio Júnior a Nelson Ned, tudo o que era ou poderia ser sucesso estava no "Cassino", na "Discoteca" ou na "Buzina". Aliás, falando em "Buzina", Chacrinha também trouxe para a TV grandes talentos como jurados de calouros. O maestro Edson Santana, Elke Maravilha e Pedro de Lara são os mais famosos.

O "Papa" da comunicação

As famosas chacretes já foram chamadas de "TVzinhas" e
"Vitaminas"
A frase "na TV nada se cria, tudo se copia", criada por Abelardo Barbosa, não se aplica a ele. Seu estilo segue com único e inimitável, tamanha originalidade. Saiu da vida e entrou para a história. Jô Soares declarou em 2000 que a televisão alemã veio gravar o programa para tentar entender e explicar o fenômeno de comunicação que era o "Velho Guerreiro".

Hoje 25 anos depois, temos a oportunidade de rever, seja pelo canal a cabo Viva, seja pela internet, imagens preciosas de divertidos momentos da nossa TV, onde uma platéia delirava com bacalhaus, pepinos, e outras delícias. Os vídeos na web permitem que as novas gerações conheçam quem foi o animador que se comunicava, e não se trumbicava. Roda, roda, roda e avisa à Terezinha: como faz falta o "Cassino do Chacrinha".

Curiosidade:

  • A famosa "Terezinha" nunca existiu. Na verdade ela substituiu um merchandising que o apresentador fazia no começo da carreira: a água sanitária Clarinha. Chacrinha brincava com o nome deste patrocinador com seu auditório, mas o anunciante saiu do programa, e o bordão já tinha caído no gosto do povo. Então, o animador trocou a Clarinha pela inesquecível Terezinha;
  • O apelido "Velho Guerreiro" foi dado por Gilberto Gil, na canção "Aquele Abraço".
Vamos curtir os melhores momentos dos musicais do "Cassino do Chacrinha". Agradecimentos: microfone.jor.br, mundoonlineaqui.blogspot.com, radioemrevista.com, MegaMarina2 e Divulgação/TV Globo.